terça-feira, 18 de novembro de 2025

Oito a zero! O inacreditável oitavo gol da Alemanha!

A COP30 em Belém, Pará, tinha tudo para ser o grande gol de placa. Colocar o circo climático da ONU no coração da Amazônia era um lance de puro simbolismo político, um daqueles momentos em que o local é a mensagem. Mas, no gramado de verdade, o que se viu foi um festival de lambanças que transformou o jogo em uma goleada contra a competência. Foi a ambição esbarrando na execução, e a derrota, meus amigos, foi por nocaute. A tal "zona azul" — o bunker sagrado das negociações — virou uma zona de guerra contra o bom senso. Delegados, que já chegam com a cabeça quente pelos temas espinhosos, foram recebidos com um calor de rachar a cuca (ar-condicionado? Para quê?), alagamentos que faziam a gente pensar que a Conferência era sobre submersão, e uma segurança tão vulnerável que manifestantes quase deram um abraço nos líderes mundiais sem serem convidados. Não era um evento da paróquia. Era a ONU. E a falha em prover o básico — um ambiente de trabalho seguro e funcional — não apenas atrapalhou os negociadores, mas manchou a credibilidade brasileira como anfitrião. Enquanto a organização tentava consertar as goteiras e reforçar a cerca com fita adesiva, o estrago já estava feito. Belém, que deveria ser o palco da redenção climática, provou ser um fardo logístico para o qual a turma do apito estava, inacreditavelmente, despreparada. O caos de fora da sala acabou invadindo a mesa de negociações. Com a energia desviada para secar o tapete e impedir invasões, quem tinha fôlego para discutir financiamento climático ou metas ambiciosas (as famigeradas NDCs)? O debate estagnou, ficou preso num pântano burocrático, enquanto o ar-condicionado pingava na cabeça do representante de um país insular. E as grandes potências? Ah, essas foram discretas. China e a nata da União Europeia, incluindo a Alemanha, pareciam encolher os ombros, céticas. Talvez o ambiente de desorganização tenha sugerido que o evento não produziria nada de concreto, e era melhor manter a ficha limpa. O golpe de misericórdia, porém, veio de Friedrich Merz, o Chanceler Federal alemão. Direto de Berlim, ele não precisou ser sutil. Usou sua experiência na Cúpula de Líderes em Belém para fazer uma crítica devastadora, en passant. No seu relato, ao exaltar a Alemanha como "um dos países mais bonitos do mundo", ele escancarou o desagrado com o local do evento. Não criticava a causa, mas a experiência. E a frase que ficou entalada na garganta foi a de que nenhum jornalista que o acompanhava levantou a mão para ficar por aqui. Pelo contrário: "Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, especialmente daquele lugar onde estávamos". O desastre logístico se traduziu na fuga da comitiva. Se o Merz, que é conhecido por ser cáustico, desse o placar da organização, seria um vexame. Mas quando a gente acha que não pode piorar, o universo da desorganização parece dar um jeito. Enfim a Alemanha faz seu oitavo gol! Foi o que pensei, com ironia, ao ouvir o relato do Chanceler — um placar de 7 a 1 na organização, e a oitava bola na rede era a declaração dele, que selava a humilhação logística com uma nota diplomática de repúdio ao caos. A COP30, no fim das contas, não será lembrada só pelas metas que não saíram do papel, mas pela lição amarga de que o simbolismo, por mais forte que seja, jamais compensa a fragilidade da infraestrutura e o despreparo. Belém, ao invés de símbolo de esperança, virou sinônimo de transtorno. E quem pagou o preço foi a imagem do Brasil.

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