sexta-feira, 7 de novembro de 2025

O escândalo da coxinha na COP30 de Belém

Sexxxxtou, galera!!!!!!!!! A Belém do Pará se vestiu de gala. Luzes, líderes globais, discursos inflamados sobre salvar o planeta, combater a desigualdade, abraçar a Amazônia. A COP30, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, era a grande vitrine. Mas, ironicamente, o que ficou mais evidente não foi a união por um futuro verde, e sim a espantosa distância entre o púlpito e o prato. O burburinho começou na restrita Blue Zone, o santuário da delegação e da imprensa internacional. Ali, onde o discurso é de sustentabilidade e acesso, o que imperou foi o monopólio e a extorsão. Não foi um debate sobre créditos de carbono que acendeu a faísca, mas sim o preço de uma mísera coxinha. O tiro de largada veio do repórter Márcio Gomes, da CNN Brasil, que não se conteve e expôs a conta de um lanche trivial: dois salgados e um refrigerante por R$ 99,00. R$ 99,00! É o preço de um bom rodízio em metrópoles, ou o valor da feira de uma semana para muitas famílias de Belém. O cardápio da conferência, um catálogo de preços surreais, confirmou a aberração: Água mineral (350 mL): R$ 25,00 (a poção mágica mais cara da Amazônia). Coxinha de frango: R$ 45,00 (um salgado de ouro, frito na hipocrisia). Suco de cupuaçu (regional!): R$ 30,00 (o sabor local transformado em luxo inalcançável). Os participantes, reféns da segurança que os impedia de levar a própria comida, eram forçados a participar do Banquete da Carestia. A justificativa dos fornecedores? "Alta logística", "investimento", "taxas dolarizadas". Balela. Para quem estava ali, o cheiro não era de filé ao molho madeira (este, a módicos R$ 70,00), mas de lucro desenfreado em um ambiente de monopólio. O escândalo extrapolou a comida. A própria cidade de Belém viu os preços de hospedagem decolarem em patamares alarmantes. A ONU, a própria anfitriã do debate sobre a crise climática, teve de limitar a presença de seus funcionários. Pensem bem: a organização que luta contra a desigualdade global foi forçada a se encolher por causa da carestia local gerada pelo seu próprio evento. A crise de custo na COP30 se tornou, assim, um símbolo amargo: as grandes decisões sobre o clima, que deveriam nascer da urgência das populações mais vulneráveis, estavam sendo tomadas dentro de uma bolha de inacessibilidade elitista. A Justiça e o Governo intervieram, propondo fiscalizações e um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), tentando remendar a imagem de um evento que se propunha a ser a vitrine da Amazônia, mas que acabou servindo como um palco para a segregação econômica.
A lição final, a mais cínica de todas, é que o debate sobre salvar o mundo foi relegado a segundo plano por uma verdade cruel: para ter voz na Conferência que deveria abraçar a todos, era preciso, antes de tudo, ter um bolso incrivelmente fundo. A COP30 de Belém será lembrada não apenas pelos discursos, mas pelo lanche de R$ 99,00 que denunciou o elitismo da causa verde.

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