terça-feira, 29 de setembro de 2020

Jornalismo de vingança.




Depois de um bom tempo resolvi voltar a ler as colunas de alguns jornais que circulam pela cidade, para a minha decepção (ou não) ficou evidente que os veículos de comunicações da cidade, assim como do resto do país, deixaram de ser uma ferramenta de informação para a população para se tornarem um artefato de vingança da elite contrariada.

É impressionante a quantidade de matérias de pessoas que por algum motivo, ainda não explicado, se acham mais inteligentes que seus próprios leitores, por isso se acham no direito de despejarem nas páginas dos jornais todo o seu ressentimento político e suas frustrações pessoais, sempre em tom professoral.

A avaliação política deixou de ser baseada em fatos e voltada somente ao cargo, sem juízo de valor de seu ocupante, passando a ser apenas um mecanismo de linchamento moral, daqueles que não compactuam com os sempre brilhantes pontos de vista dos colunistas.

O nível da intolerância pode ser medido pela quantidade de adjetivos pejorativos, presentes nos comentários dos tais analistas e formadores de opinião, que inundam as colunas dos jornais locais.

E o nível de virulência só aumenta a cada dado positivo apresentado pela equipe de governo ou pelo desmantelamento natural das avaliações sombrias e das previsões apocalípticas, diariamente veiculadas nos mais variados meios de comunicação do país, comprovando que o problema nunca foi técnico, mas pessoal!

Este comportamento, aparentemente prudente e sofisticado, é na prática raivoso e desmedido, o que acaba confirmando o distanciamento destes intelectuais de ar condicionado da realidade das ruas e o seu encastelamento cognitivo em um mundo paralelo onde o que menos interessa são os fatos.

Para estes donos da razão o que resta são os contorcionismos gramaticais e o duplo twist carpado moral que precisam dar a cada edição para encaixar a realidade do dia a dia da população a suas narrativas recheadas de despeito e vazias do que mais pedem... Respeito!

O jornalismo, mesmo o de opinião, precisa estar alicerçado na realidade para ter a única coisa que realmente deveria interessar aos profissionais da imprensa – a credibilidade.

Jornal que deixa de lado o compromisso com a verdade dos fatos e se preocupa apenas com a publicação de picuinhas pessoais está fadado ao ostracismo, ou pior... Tende a se transformar em um tabloide de fofocas.

Infelizmente o Brasil, assim como na corrupção, está se especializando no jornalismo de vingança.