terça-feira, 18 de novembro de 2025
Língua Portuguesa, coitada!
Bom dia, boa tarde, boa noite. A todos, a todas, a todes e, arrisco dizer, até aos nescaus e nesquiks – porque o dia anda tão paradoxal que até a preferência matinal merece ser saudada.
Pois bem, meu povo. A novidade do dia pousou na mesa do café como um pombo-correio burocrático, trazendo consigo um decreto de peso. Sim, por força de lei, dizem os trombeteiros do Diário Oficial: o presidente mais... digamos... envolvente da nossa história recente resolveu bater o martelo e, zás, proibiu o uso da chamada linguagem neutra, inclusiva, não binária ou, para os moderninhos, a tal linguagem desgenerificada. O veto é geral e alcança todas as esferas da administração pública.
E o que, na prática, significa esse cataclisma fonético-legal?
Resposta: Nada! Absolutamente nada!
Em uma nação onde a grande maioria da população já soa, geme e faz contorcionismo verbal para acertar a concordância do português formal, imagine só o impacto real da proibição de um dialeto paralelo que mal havia saído da bolha universitária e das redes sociais. É como proibir a existência de um unicórnio que poucos viram, mas muitos temem.
Mas o tempero, o verdadeiro crème de la crème desta narrativa, jaz na galeria dos olhares. A gente fica imaginando a cara. A cara da primeira-dama. A cara dos ministros e ministras que, por vezes, pareciam empenhados na causa do "elu/delu". E, sobretudo, a cara dos educadores. Aqueles que, todos os dias, parecem assinar o atestado de óbito da já surrada e cambaleante Língua Portuguesa. Aqueles que, em sua cruzada de inclusão, acreditam piamente que ser ignorante na própria língua é o passaporte definitivo para a aceitação social. Sim, eles acham que a ignorância linguística inclui alguém na sociedade.
E a nota de rodapé mais triste, a vergonha final, não fica restrita aos corredores palacianos. Ela se estende, para desespero póstumo de Machado de Assis, até o sagrado panteão da ABL, a Academia Brasileira de Letras, que recentemente abriu suas portas e braços para abraçar um tal de... "pretuguês". É de virar a página do dicionário e chorar.
Olho para o calendário e só consigo murmurar, cansado: Acaba logo, 2025! O vocabulário nacional agradece.
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