quinta-feira, 16 de outubro de 2025
Ideologias
Senhores políticos e aspones, guardem as suas ideologias com o álbum de figurinhas e suas meias furadas bem no fundo de suas gavetas mofadas.
Eu ando pensando na vida, e mais ainda, na política, e pior, na política local. Lembrei-me de uma coluna que escrevi tempos atrás no jornal Tribuna cujo texto dizia que o povo não tem que ter ideologia, mas o direito inalienável de dar o cartão vermelho a qualquer hora para o político. E o político? Ah, o político pode ter sua ideologia, claro! Desde que a deixe bem guardadinha, junto com o álbum de figurinhas e as meias furadas, na hora em que for vestir a "camisa" do serviço público.
Porque, convenhamos, o político no cargo não é mais o Doutor Ideologia ou o Professor Doutrinador. Ele é o mero administrador. Ele devia andar por aí com um crachá gigante escrito: "APENAS ADMINISTRADOR — Por favor, cobre-me pela buraqueira da rua, não pela minha paixão por (insira aqui uma teoria complexa de difícil pronúncia de sua preferência)".
Ele e seus apadrinhados, que o texto gentilmente chamava de "loteadores da máquina pública", deveriam se ater à sua insignificância funcional. É um termo forte, mas justo. Afinal, a gente, o povo, que não tem tempo para ideologia porque está na fila do pão ou tentando pagar o IPVA, somos os pagadores de impostos. Somos o CEO dessa empresa chamada município, e eles são os gerentes (bem pagos, aliás).
A gente paga a peso de ouro – e isso não é força de expressão, é o tal esforço fiscal gigantesco — uma máquina pública inchada, com vereadores, secretários e os "adjuntos dos adjuntos" (esse cargo deve ser fascinante! O que faz um adjunto do adjunto?). E para que pagamos essa orquestra de egos e salários polpudos? Para eles ficarem discutindo se o Anjo Gabriel é de direita ou de esquerda? Não!
A função deles, que transcende qualquer briga de jardim de infância partidário, é administrar bem a grana. E, se não tem grana, correr atrás dela: federal, estadual, até a herança da tia rica se precisar! É simples: o contribuinte quer ver o dinheiro dele gerando resultado prático, não um palco para a próxima peça de teatro político-doutrinário. A prefeitura tem que ser um escritório de resultados, e não o Clube da Ideologia Secreta.
E o mais hilário de tudo é quando um político inaugura uma praça ou destina uma verba e quer que a gente caia de joelhos, agradecendo por esse "presente" ou "benesse política". Ah, me poupe!
Isso não é conquista, não é presente. É a devolução! É o seu próprio dinheiro, o nosso dinheiro, que saiu do nosso bolso e está voltando, como um bumerangue burocrático, em forma de asfalto novo ou uma lâmpada acesa.
A administração pública é uma obrigação, e a boa administração... bem, essa é o imperativo moral que o povo espera. Quer ter ideologia? Ótimo! Deixe-a para a mesa do bar, para a sua vida privada, ou para a escolha do sabor da pizza no sábado. No serviço público, a única ideologia aceitável é a da competência técnica e do serviço eficiente. E que o contribuinte, o patrão de todos, tenha sempre o controle remoto para trocar o canal, ou melhor, o representante, a qualquer momento. Afinal, a soberania popular é a única majestade que importa nessa história.
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